Benefícios da psicoterapia para a endometriose
A endometriose é uma doença de muitas implicações psicológicas.
Se trata de uma doença que muitas vezes apresenta dor crônica e alto nível de inflamação, podendo apresentar sérios prejuízos fisiológicos não só nos órgãos reprodutivos mas também em outros órgãos, que acaba por retirar da mulher a sua qualidade de vida, pois afeta no seu trabalho, no seu ciclo social e no seu relacionamento.
A mulher diante o diagnóstico da endometriose
Receber um diagnóstico de endometriose, que é uma doença que não tem cura e afeta a fertilidade da maioria das mulheres, é lidar com o sentimento de perda do corpo saudável e ativo, o que pode significar para muitas mulheres a perda da autonomia e da independência.
Além disso, por ser uma doença que afeta de maneira rigorosa a fertilidade, a mulher lida com o medo de não conseguir engravidar e a infertilidade provoca danos à imagem da mulher, fazendo com que ela se sinta menos mulher, afetando a sua feminilidade. Quando estamos falando em afetar a feminilidade também estamos falando em danos na própria identidade de ser, por isso a mulher se encontra em crise de identidade em que ela é obrigada a desconstruir-se para readaptar-se diante da situação.
Visto que a endometriose afeta a vida da mulher de maneira global, em decorrências das limitações causadas principalmente pela dor física e emocional que altera toda a dinâmica da sua vida, bem como sua identidade, faz com que a mulher experiencie sentimentos como:
- Insegurança,
- Culpa,
- Tristeza,
- Raiva,
- Incompetência e ansiedade,
- Desejo de isolamento.
Estes sentimentos podem provocar o estresse psicológico.
O estresse psicológico
Uma vez que se entra em estresse psicológico, o problema da endometriose se agrava, pois ocorre a liberação de cortisol no organismo fazendo com que o esse mesmo organismo sofra repercussões neuroquímicas que podem provocar:
- A queda da dopamina resultando na depressão e elevação da ansiedade
- Alterações oxidativas gerando ainda mais estresse oxidativo, o que aumenta os níveis inflamatórios e a dor.
- Alterações metabólicas fazendo com que a mulher entre em compulsão alimentar o que vai dificultar não só na adaptação a uma alimentação saudável, mas também irá gerar ainda mais estresse oxidativo devido a uma alimentação desregrada, e nisso a mulher pode ganhar peso, podendo causar também irritabilidade intestinal e causar inchaços abdominais. O que é ruim porque além de todos estes prejuízos afeta a imagem da mulher que pode fazer com que ela sinta vergonha do próprio corpo e deixe de se desejar.
A relação da endometriose com a depressão
Os estudos informam que 92% das mulheres com endometriose que sofrem dor crônica sofrem também de depressão, e isso está muito ligado à maneira que cada mulher utiliza sua estrutura cognitiva para adaptar-se à experiência dolorosa. Ou seja, é a estrutura psíquica e de personalidade que permite diferentes enfrentamentos com relação à dor.
O que justifica 92% das mulheres com endometriose e dor crônica sofrerem depressão é que a endometriose atinge um grupo característico de personalidade que dentre elas estão:
- Índices mais elevados de introversão e ansiedade,
- Elevado coeficiente intelectual,
- Perfeccionismo,
- Egocentrismo,
- Estresse psíquico,
- Auto-exigência,
- Insegurança,
- Alta capacidade de controle e comando,
- Intolerância a falhas humanas, ou frente a situações de frustração,
- Dificuldade de entrar em contato com as próprias emoções, e onipotência.
Este seria um perfil característico em mulheres portadoras de endometriose.
O que é importante dizer é que tanto a depressão quanto a dor crônica são formas de sintomatização no corpo. Portanto, a dor pode ser uma expressão somática advindo do desconforto psicológico, enquanto a depressão pode ser uma resposta à dor crônica.
Isso justifica em parte o porquê a sensibilidade à dor é maior em algumas mulheres e menor em outras. Pensando nisso, o estresse emocional associado a uma estrutura psicológica pode ser tanto um dos fatores que venha contribuir para o desenvolvimento da endometriose e a dor, como também pode aumentar os danos inflamatórios e de dor.
Benefícios da psicoterapia para a endometriose
Sendo assim, a psicoterapia tem um papel base e fundamental no tratamento da endometriose, isso porque a psicoterapia tem o objetivo de resgatar a qualidade de vida do paciente que foi interrompido devido à doença, buscando compreender o acontecer psíquico e os mecanismos da patologia e sua função na vida do paciente para tornar possível uma visão ampla do que está acontecendo e formar estratégias de manejo de emoções e adaptação a um novo estilo de vida. Por consequência, devolver a autonomia e a autoestima, de forma que possa aliviar o estresse emocional promovendo saúde física.
Uma vez que o estresse psicológico é resolvido, o organismo é capaz de responder de maneira positiva ao tratamento alimentar e aos exercícios físicos, interrompendo o ciclo da doença e promovendo a redução dos focos de endometriose e da dor.
Geralmente quando alivia o estresse emocional, a dor já é significativamente diminuída. O seu organismo já começa a responder de forma positiva nos focos inflamatórios.
12 benefícios da psicoterapia para a endometriose
A psicoterapia é importante porque os processos psicológicos além de estarem presentes como fator que contribui para a origem da endometriose e da dor, também é um fator que contribui para o agravamento da doença.
Porque a endometriose afeta um grupo característico de personalidade e trabalhar estas construções psíquicas são fundamentais para adquirir hábitos psicologicamente saudáveis.
Porque aceitar novos hábitos alimentares e de vida exige um trabalho psicológico que reduza a ansiedade e o estresse psíquico, principalmente em casos de compulsão alimentar em que ocorre como forma de recompensa, um alívio da ansiedade e estresse.
O alívio do estresse emocional, afeta o físico de maneira a permitir o controle da doença. Porque muita vezes a pessoa está seguindo uma alimentação saudável com bons antioxidantes para o controle da endometriose, mas se o estresse emocional estiver alto, de nada vai adiantar a alimentação, porque enquanto os antioxidantes estão sendo ingeridos o estresse emocional vai gerar uma série de reações neuroquímicas que aumentam o estresse oxidativo.
O estresse emocional/psicológico diminui a fixação dos leocócitos nos locais de inflamação da endometriose, diminuindo o processo de defesa contra a inflamação. E trabalhando as questões emocionais geradoras de estresse, esse sistema de defesa irão trabalhar em favor da eliminação da inflamação e da cicatrização.
O alívio do estresse emocional vai impedir a queda da dopamina, causando melhora importante no quadro depressivo e ansioso.
A dor está relacionada à estratégia adaptativa do psíquico e ao nível de estresse psíquico, portando, trabalhar as estratégias adaptativas das construções psíquicas e aliviar o estresse emocional vai resultar na diminuição da dor.
A endometriose pode gerar uma distorção de imagem, fazendo com que a mulher se veja de maneira depreciativa e um bom trabalho psicoterápico devolve à mulher sua autoestima e autocontrole, permitindo a reconstrução de sua imagem.
O estresse emocional/psicológico afeta o eixo hipotálamo, hipófise e ovários, causando desequilíbrio hormonal, mais precisamente na produção de FSH e LH, o que diminui a qualidade dos óvulos e afeta também a regulação do ciclo menstrual. Portanto, regulando as emoções e a ansiedade, os óvulos e a regulação do ciclo menstrual serão afetados de maneira positiva, melhorando a fertilidade da mulher. A psicoterapia irá trabalhar a psicoeducação em endometriose e fertilidade, de modo a deixar o paciente bem informado e tranquilo enquanto a doença e suas possibilidades de tratamento principalmente em casos em que é necessária a reprodução assistida que envolve muitas expectativas e normalmente não se tem muitas informações claras e confiáveis. Porque o que acontece é que a pessoa entra em desespero por não conhecer bem a doença e passa a fantasiar situações sem saída, sem perspectivas.
A psicoterapia tem a função de também fortalecer os laços emocionais para que a paciente tenha o apoio familiar e do cônjuge, como âncoras em seu tratamento.
A psicoterapia irá trabalhar em toda sua história de vida de maneira reflexiva remontando uma interpretação para que você possa se autoconhecer de maneira que possa provocar uma mudança positiva naquilo que é adoecedor.
Eu poderia ficar aqui falando de mais motivos, mas estenderia muito e eu tenho certeza que estes motivos foram mais que suficientes para que você entenda o valor da psicoterapia no tratamento da endometriose.
Psicóloga Riusnéria do Carmo O.
Fonte: https://blog.psicologiaviva.com.br/psicoterapia-para-a-endometriose/