EndoPelvic - Centro Multidisciplinar de Endometriose

Dor pode levar a depressão?

Entre 5 e 10% das mulheres são portadoras da endometriose, uma patologia que pode causar muita dor, mas que em alguns casos é assintomática. Entre as portadoras, de 30 a 50% enfrentarão dificuldades para engravidar de forma natural.

A endometriose se caracteriza pela presença do tecido endometrial (que reveste o útero por dentro) em outras regiões do corpo. Este tecido é totalmente influenciado pelos ciclos menstruais e, por isso, pode provocar fortes dores relacionadas com o período menstrual, que com o avanço da patologia pode se converter em dor crônica. Os principais sintomas da endometriose são as dores e alterações no volume do fluxo menstrual.

O risco da infertilidade provoca muita ansiedade entre as portadoras, isso, associado a um quadro de fortes dores, muitas vezes incapacitantes, afetam ainda mais o emocional de quem convive com a endometriose, podendo levar à depressão.

A depressão é uma doença muito séria que infelizmente nossa sociedade ainda não dá a devida atenção. Seus efeitos são devastadores e pode afetar não apenas a saúde psicológica mas também física das pessoas.

Para entender a relação entre a endometriose, a dor e a depressão, consultamos a psicóloga Fabiane Bomfim. Leia a entrevista abaixo e veja também o vídeo que fizemos com ela.
Por que a endometriose pode levar a um quadro de depressão e ansiedade?

Pelos principais sintomas clínicos: dismenorreia (cólicas), dor pélvica crônica, dispareunia (dor durante a relação sexual), disquezia (defecção dolorosa), disúria (dificuldade de urina) e infertilidade. Dor e infertilidade exercem impacto direto na qualidade da vida conjugal, social, profissional e capacidade reprodutiva. Somado ao atraso diagnóstico e a recorrência da doença, esses fatores contribuem para os pacientes apresentarem elevados níveis de ansiedade e depressão.
Distorção da dor: Por que às vezes cirurgias que deveriam melhorar o quadro da dor parecem não adiantar?

Alguns autores apontam a depressão como uma consequência direta da dor, porém não há consenso nessa questão temporal ao definir qual condição precede a outra. É possível afirmar, no entanto, que as duas condições coexistem e que uma agrava a experiência da outra. É possível que a intensidade da dor esteja relacionada com o grau de depressão e ansiedade.
O que a portadora deve fazer para evitar a intolerância à dor causada pela dor crônica?  
Na presença de depressão, é importante iniciar o tratamento apropriado precocemente, porque, caso não seja tratada, ela exerce um efeito negativo na capacidade da paciente de lidar com a dor, na função diária e principalmente na sua qualidade de vida. A depressão deve ser tratada e não apenas entendida como resultado esperado do sofrimento decorrente da cronicidade do sintoma doloroso, portanto é indispensável o suporte psicológico às pacientes com endometriose. Para uma portadora de endometriose é essencial que ela tenha apropriação (conhecimento) da sua patologia e entenda as dificuldades que ela possa vir a enfrentar.  É essencial diagnosticar um possível quadro de depressão e/ou ansiedade com ajuda de um profissional capacitado para que os devidos encaminhamentos sejam feitos (psicoterapia e/ou acompanhamento psiquiátrico)

O tratamento multidisciplinar é muito importante para as portadoras de endometriose. Através do acompanhamento ginecológico, nutricional, fisioterápico e psicológico é possível ter qualidade de vida. Além disso, é importante que as portadoras de endometriose sejam conscientes que possuem um risco mais elevado de infertilidade, por isso, é importante não adiar muito os planos de gravidez, cogitar a possibilidade de congelar óvulos antes dos 35 anos e manter um acompanhamento periódico do avanço da endometriose e do estado da fertilidade.

Fonte:https://ivi.net.br/blog/endometriose-dor-depressao/

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