EndoPelvic - Centro Multidisciplinar de Endometriose

Endometriose - A doença da mulher moderna

por Dr. Luciano Coelho Furtado

Quando analisamos a doença no contexto geral, nos deparamos com dados epidemiológicos que nos assustam. A endometriose acomete 5%-15% das mulheres no período reprodutivo, e responsável por 50% dos casos de pacientes inférteis e com dor pélvica. Estima-se em torno de 7 milhões de casos nos USA e mais de 70 milhões no mundo inteiro. Em países industrializados, e uma das principais causas de hospitalização ginecológica.

A principal teoria que explica o surgimento da endometriose nas mulheres, é a Teoria da menstruação retrógrada: que postula o implante de células endometriais provenientes do refluxo do sangue menstrual pelas trompas para a cavidade abdominal e pélvica. Mas isto acontece com todas as pacientes que menstruam, porque somente algumas irão desenvolver a doença. As pacientes com endometriose tem um ambiente hormonal favorável para que estas células se desenvolvam e fatores imunológicos que não eliminariam tais células deste local impróprio.

Por que acomete mais a mulher moderna?

Se compararmos a estrutura familiar do passado dos nossos bisavós, não era incomum nos depararmos com 10,15 filhos numa única família. Muito comum era a mãe estar amamentando e estar grávida de outro. Não obstante, as mulheres se casavam muito cedo, por volta dos 15 anos e logo, logo, já começavam sua vida reprodutiva. Este cenário fez com que estas mulheres passassem o maior tempo de suas vidas em amenorréia (sem menstruar) e tivessem um tempo menor de exposição aos estrogenos, que se torna essencial no desenvolvimento das células endometriais e com isto o aparecimento e progressão da doença. As mulheres de hoje, não somente estão adiando a maternidade mas também nos deparamos com a escolha por um único filho ou até mesmo nenhum. Isto favorece um período menor de amenorréia e maior tempo de exposição aos estrógenos.

Mas seria somente este fator na prevalência da mulher atual?

Com certeza não. A poluição, agentes químicos e também o fator nutrição, são fatores essenciais na maior prevalência da doença na mulher atual. Sabemos hoje que os PCBs e os TCDD, são talvez os agentes químicos mais poluentes que o homem já fez. Eles são encontrados em transformadores e capacitadores, são subprodutos provinientes da incineração do lixo municipal, hospitalar e industrial. Estão presentes na fabricação de papel e celulose, nas industrias de PVC, cimento e química.

Estes produtos químicos tem a capacidade de influenciar negativamente os processos fisiológicos do nosso organismo, desregulando a função endocrina. Os PCBs e TCDD, persistem no ar, água, solo e tecido gorduroso dos peixes, aves e mamíferos e a exposição humana se dá através do consumo de produtos animais e laticínios. Não se pode negar que a poluição tem aumentado cada vez mais em nosso meio ambiente e com isto afetando de maneira mais frequente nossas pacientes.

E a nutrição, tem contribuído?

Sabe-se que muitas patologias como a resistência insulinica, hipertensão, doença celíaca e colecistopatias são influenciadas pela dieta. Diversas teorias tem surgido relacionando dieta com endometriose. Certo que é uma doença estrogênio dependente e que a liberação de prostaglandinas PGE2 e PGF2 são comuns na patogênese da dismenorréia (dor ao menstruar) e endometriose. Os Ácidos Graxos são precursores das PGE2 e PGF2 e estão presentes na gordura animal e enlatados. A diminuição na ingesta de gordura e um fator benéfico a dismenorréia e endometriose, assim como o aumento na ingesta de fibras aumentaria a excreção dos estrogênios, favorecendo melhora da dismenorréia e endometriose. Sabemos que dietas vegetarianas aumentariam proteinas carreadoras de hormônios, diminuindo níveis de estrogênio livre e com isto se tornando um fator benéfico no controle da doença. Algumas vitaminas como magnésio e Vitamina B aumentariam produção prostaglandinas anti-inflamatorias, aumentando o relaxamento miometrial e menos cólicas e dor.

Conclusão

Por todos estes motivos, explicamos a maior prevalência da doença nas mulheres atuais: modo de vida, maior stress, piorra na qualidade alimentar, maior exposição a agentes quimicos, menor prole constituída, etc.

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