EndoPelvic - Centro Multidisciplinar de Endometriose

Adenomiose

A adenomiose é uma doença ginecológica comum entre as mulheres que menstruam e nas pré-menopausadas , caracterizada pela presença das glândulas endometriais invadindo o miométrio, ou seja, o endométrio penetrando na parede do útero. É mais frequente nos úteros de multíparas (aquelas com mais número de gestações) e com média de idade entre 20 e 30 anos. A sua incidência apresenta uma grande variação entre os grupos raciais, étnicos e entre as diferentes regiões geográficas.

Aproximadamente 65% das mulheres com adenomiose apresentam sintomas evidentes como: cólicas menstruais, sangramento uterino aumentado e irregular e dispareunia (dor na relação sexual). A frequência e a gravidade dos sintomas está relacionada com a extensão e a profundidade das lesões. Quanto mais o endométrio invade a parede do útero, pior são os sintomas. As lesões podem ser difusas ou focais, mais frequentemente encontradas na parede posterior do útero.

A adenomiose apresenta-se associada com outras patologias como a endometriose peritoneal e profunda, miomatose uterina, polipose endometrial (presença de pólipos dentro da cavidade uterina), hiperplasia do endométrio e até mesmo com o adenocarcinoma endometrial.

O ultrassom transvaginal realizado por profissional experiente e a ressonância magnética da pelve, são métodos de imagem que auxiliam muito o diagnóstico. A histeroscopia dignóstica com biopsia dirigida, mais profunda que o usual, também pode auxiliar no diagnóstico.

O tratamento pode ser conservador ou radical, com a realização da histerectomia independente da via. O tratamento conservador engloba medicações hormonais e sintomáticos. Podemos utilizar pílulas de forma cíclica para tentar regular o intervalo entre as menstruações, ou realizar o uso contínuo destas, com o objetivo de diminuir ou interromper o fluxo menstrual e reduzir as cólicas. O dispositivo intra-uterino hormonal é outra ótima opção, pois apresenta alta eficácia para o controle dos sintomas, é de fácil inserção, dispensa a necessidade de uso diário de pílulas e tem validade de 5 anos. O implante subdérmico de pequenos dispositivos a base de gestrinona, também pode ser utilizado, contudo apresenta um custo mais elevado e requer a troca anual. Ainda existem medicações injetaveis,como os agonistas do GnRh por 3 a 6 meses, que colocam as pacientes em menopausa transitória e acabam com os sintomas do sangramento,das colicas e reduzem as lesões adenomioticas, mas cobram caro da paciente, pois os sintomas ligados ao climaterio, como secura vaginal, fogachos (calores repentinos), diminuição do libido, insônia e irritabilidade, são frequêntes.

Quanto as cirurgias conservadoras, podemos citar dois procedimentos: temos a exérese das áreas adenomióticas, que nem sempre são de fácil realização ou a eletrocoagulação.

A associação com a infertilidade é muito comum, inclusive alguns autores acreditam que seja ela a principal causa e não a endometriose fora do sítio uterino. Em casos onde o diagnóstico é bem evidente, podemos optar pelo tratamento com análogos do GnRH por 3 a 6 meses e depois a fertilização in vitro. Mesmo com esta opção de tratamento, a adenomiose é causa frequente de insucesso na fertilização e também causa frequente de abortamentos. A reprodução assistida de alta complexidade parece ser o melhor  tratamento para essas pacientes. Por outro lado, o uso das medicações hormonais injetáveis não parecem interferir com a evolução natural da doença.

Como conclusão, deixamos o alerta para as pacientes que não estão conseguindo engravidar expontaneamente e que referem os sintomas acima descritos, para procurem médicos especialistas na área de infertilidade e endometriose, para o diagnóstico e eventual tratamento, sempre pautado nas prioridades individuais,  sintomatología e desejo gestaional.

Autor: Dr Dorival Gomide Ramos
Ginecologista e Especialista em Endometriose de Campinas/SP

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