EndoPelvic - Centro Multidisciplinar de Endometriose

Endometriose: exame diagnóstico pela saliva tem 'confiabilidade excepcional'

Embora as mulheres com endometriose costumem percorrer uma verdadeira via crucis em busca de atendimento médico eficaz (8 a 12 anos, em média), a criação de uma prova diagnóstica não invasiva para a doença pode facilitar as coisas. Uma equipe francesa de especialistas em endometriose, junto com engenheiros especializados em inteligência artificial, acabou de criar uma prova diagnóstica por sequenciamento de microARN (ARN, ácido ribonucleico) na saliva.

"A confiabilidade deste teste é excepcional, com sensibilidade de 97%, especificidade de 100% e desempenho diagnóstico de mais de 98%. O Collège National des Gynécologues et Obstétriciens Français (CNGOF) espera que o ENDOTEST marque o início de uma revolução científica e tecnológica para a saúde das mulheres", disse a instituição em um comunicado à imprensa. [1]

"Quase 10% da população feminina tem endometriose", disse o Prof. François Golfier, chefe do serviço de ginecologia e obstetrícia do Centre Hôpitalier Universitaire Lyon sud e presidente da Comissão sobre a endometriose do colégio de especialistas.

"Esta doença se caracteriza pela existência de tecido endometrial fora da cavidade uterina em diferentes órgãos: trato genital, ovário, reto, bexiga, intestino, pulmão, etc.", explica o médico. No momento da menstruação, esses fragmentos de tecido reagem aos estímulos hormonais e causam inflamação, o que, por sua vez, provoca dor intensa e incapacitante, além de um grande leque de sinais e sintomas.

MicroARN participando da endometriose

"O intervalo entre o início dos primeiros sintomas e o diagnóstico da endometriose costuma ser muito longo, em média oito anos", acrescenta o Prof. Philippe Descamps, chefe do polo feminino materno-infantil do Centre Hôpitalier Universitaire d’Angers e vice-presidente da Fédération Internationale de Gynécologie et d’Obstétrique (FIGO). Isso se deve, em particular, à complexidade dessa doença multifatorial, mas também à falta de conhecimento dos profissionais de saúde do atendimento primário.

Na verdade, "nas últimas décadas, várias equipes de pesquisa identificaram a participação dos microARN na endometriose", explicou o Dr. Philippe. Os microARN (miARN) são pequenos ARN não codificantes: contrariamente aos ARN mensageiros (ARNm, atualmente utilizados em várias vacinas anticovídicas), estes não são traduzidos em proteínas pela maquinaria celular. Em vez disso, seu papel é suprimir a expressão dos genes: quando um miARN se liga ao seu alvo, um ARN mensageiro específico, bloqueia sua tradução em proteínas e/ou induz sua degradação. Os miARN também são secretados no meio extracelular dentro de diferentes estruturas de transporte que os protegem das ARNases circulantes e lhes conferem uma estabilidade notável. Estes miARN circulantes são encontrados em quantidades variáveis na maioria das secreções biológicas (sangue, urina, leite materno, lágrimas, saliva).

Na última década, várias equipes de pesquisa identificaram os microARN como participando da fisiopatologia da endometriose. 

Prof. Philippe Descamps

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